Emily acordou numa manhã
misteriosa em seu usual pijama verde, estava nublado em pleno setembro. Talvez
as coisas parecessem normais para outros moradores da Rua Prestel, mas quando chegava
o 12 de setembro tudo mudava para a família Ramos. Não foram os pingos de chuva
que entravam pela janela e molhava o rosto rosado de Emily que a fez despertar,
e sim os gritos estridentes de Stephane, que cortava o coração de Emily, pois
ela sabia que seria igual ao ano anterior.
Susanna Albuquerque
Ao levantar, seguiu para o quarto de sua irmã
e a abraçou o mais forte que pode, secou suas lágrimas e disse que ficaria tudo
bem. As duas ficaram ali alguns minutos deitadas, a mais velha cantou musicas
que a avó ensinara anos antes até Stephane pegar no sono novamente. Quando
desceu para a cozinha, algo estranho, sua mãe não estava lá, não preparava as
deliciosas panquecas, mas talvez isso já fosse esperado, afinal perder o marido
de uma forma tão trágica causa danos às pessoas.
Uma boa filha como Emily era, preparou o
café-da-manhã, arrumou-o em uma bandeja e subiu as escadas. No fim do corredor
a porta do quarto da mãe estava entreaberta, ela pensou nisso de uma forma
positiva, pois não era uma boa equilibrista e a maçaneta seria um desafio. Ao
empurrar a porta, um choque. Um grito. Uma bandeja no chão. Sua mãe se
encontrava com a gravata de seu pai envolta do pescoço, pendurada no ventilador
de teto.
Precisou de alguns segundos para que Emily
conseguisse se mexer. Não pensou, apenas correu para o quarto de sua irmã,
pegou-a em seus braços e se dirigiu para o carro, só parando para pegar as
chaves no móvel da sala que seu pai construíra. Colocou Stephane no banco da
frente com a devida segurança, apesar da pressa. Emily não tirava a imagem de
sua mãe morta da cabeça. Deu partida no carro.
A menina de pijama verde só percebeu que
Stephane falava quando a pequena tocou seu braço. Ela perguntava o que estava
acontecendo, onde estavam indo, mas como se explica a sua irmã menor que sua
mãe havia se suicidado horas antes? Como iria explicar que agora estavam órfãs
de pai e mãe? Não sabia. Emily estava em estado de choque. Não aguentava mais,
seus olhos se encheram de lágrimas.
Ao tentar acalmar Stephane, que agora chorava,
Emily olha sua irmãzinha e segura sua mão. Um Erro. Emily perde o controle do
carro e capota. Não havia carros ao redor. Não havia socorro à vista.
A motorista
acorda, mexe as mãos, mas não sente as pernas presas nas ferragens, a gravidade
não ajudava e fazia pressão em sua cabeça, que doía e sangrava. Olhou para o
lado, sua irmã não se encontrava no banco. Havia um buraco no para-brisa.
Stephane havia sido arremessada na estrada, ela não se mexia. Emily gritava
para a pessoa inanimada na pista. Nada. Ao fechar os olhos e esperar pela
morte, Emily ouve vozes. O socorro havia chegado. O que ninguém contava era com
o problema no motor, a gasolina vazava. BOOM! Era uma vez a família Ramos...Susanna Albuquerque
Nenhum comentário:
Postar um comentário